sexta-feira, 6 de julho de 2012

Portugal

Nas primeiras vezes que fui à Europa sequer cogitei de ir a Portugal. Dizia-se então que aquele país não era para ser considerado como parte do continente europeu, tamanho era o atraso em relação aos vizinhos. Quanta ignorância! Minha, por não ter ido antes, e de quem falava tal asneira.

Nós brasileiros temos sentimentos de filho-pai, explorado-explorador, caça-caçador em relação a Portugal. Também considero isto inadequado. Temos que olhar para eles com olhos de irmãos e deixar qualquer tipo de preconceito para trás.

Portugal era de fato atrasado em relação aos demais países europeus até bem pouco tempo, lá pelos anos noventa. A capital Lisboa se preparou com esmero para a Exposição Mundial de 1998, Expo'98, cujo tema foi "Os oceanos: um patrimônio para o futuro". O legado do evento deu ares modernos a um certa parte da cidade, onde ficam o Oceanário, um moderno estádio coberto, teleférico, shopping center, restaurantes, hotéis e sedes de várias empresas.

Mas aquele dito atraso não é suficiente para justificar que o país tenha sido neglicenciado como destino turístico por tanto tempo por nós brasileiros. Os patrimônios histórico, arquitetônico e cultural do país merecem destaque. Sem falar na facilidade do idioma, apesar de algumas pequenas diferenças que podem ser armadilhas (cuidado!).

Fomos lá em 2010 e passamos oito dias entre Lisboa, Porto e Évora, passando por Estoril, Cascais, Sintra e Fátima. Com um carro alugado, um GPS, vontade de conhecer lugares incríveis e comer muitíssimo bem (e barato!) não há dificuldade alguma em se divertir e ter momentos inesquecíveis (já notaram como gosto desta palavra?) em Portugal.

Nossa cidade é privilegiada por ter voos frequentes para Lisboa, com duração de aproximadamente sete horas. Chegamos pela manhã, deixamos as malas no hotel e pé na rua! Primeiras paradas: Torre de Belém e Padrão dos Descobrimentos.
Torre de Belém
Padrão dos Descobrimentos
Rosa dos Ventos vista lá de cima do Padrão dos Descobrimentos

Depois disso, almoço num lugar indicado por um amigo gourmet. O Palácio é bem simples, mas a comida honesta e farta, tipicamente portuguesa (que redundância!). Pedimos bacalhau e polvo grelhados, com cebolas e batatas coradas. E o vinho da casa. O restaurante existe desde 1980. Nosso amigo contou que conheceu o lugar graças a uma escala de algumas horas em Lisboa e um taxista que o levou ao lugar onde comia com frequencia com a própria família. Ou seja, bom, barato e com fregueses locais, sem aquela montanha de turistas.

O hotel foi o Holiday Inn Lisbon Continental, reservado via Bancorbrás. Todo reformado, confortável e com staff agradável. Defeito: longe do centro histórico.  Mas tem metrô quase na porta e muitos taxis por perto. Como estávamos com carro alugado, não houve problemas de locomoção.

Mais duas indicações de restaurantes. O Poleiro e Gambrinus. No primeiro, comi arroz com polvo e toucinho do céu como sobremesa. E o vinho da casa. No segundo, comi finas fatias de rosbife com molho de vinho, aliás a única vez que comi carne de boi por aquelas bandas.
O Poleiro
Gambrinus
Um lugar imperdível: A Brasileira. Tomamos o café da manhã por lá: tosta (sanduíche de queijo quente), sumo de laranja e café com leite. O lugar é bem pequeno e há mesas na calçada. A decoração é linda, bem antiga. Olhem a foto que tirei do teto de lá. Está para Lisboa como a Confeitaria Colombo está para o Rio de Janeiro.
Meus sogros
interior do Café A Brasileira
Passeiem pelas Docas, às margens do rio Tejo, onde funcionavam os antigos armazéns do porto, um excelente lugar para se ir à noite. Como há vários restaurantes, bares e casas noturnas, dá para agradar a todos os gostos.

Para compras, restaurantes, cinemas: centros comerciais.
Vasco da Gama, naquela parte nova da cidade construída para a Expo'98.
Colombo, um dos maiores shoppings centers que já visitei, perto do belo Estádio da Luz, do Benfica.
Armazéns do Chiado, bem menor que os anteriores, pertinho do café A Brasileira.

Nos três shoppings há filiais da excelente loja Parfois, para bolsas e acessórios. BBB, bom, bonito e barato.

Não deixem de andar no elétrico (bonde). Fomos nele ao Castelo de São Jorge. Por ser um tranporte público bastante utilizado por turistas, são comuns pequenos furtos. Por isso, prestem atenção nos bolsos e bolsas.

Caminhar pela Avenida da Liberdade, com suas lojas chiques, também é um bom programa.

Uma excelente opção para percorrer grande parte da cidade, pelo menos em seus principais pontos de interesse, é o hop on hop off, sistema de transporte turístico que já mencionei. Cliquem aqui  e aqui para ver mais detalhes sobre o serviço.

Há dois lugares em Lisboa que devem ser visitados mas nós não fomos por motivos diversos. Como pretendo voltar lá, ficaram para a próxima vez. O primeiro é o Mosteiro dos Jerónimos. Por ser muito grande e merecer uma visita com atenção, pulamos pois não tínhamos todo este tempo. O segundo é a Antiga Confeitaria de Belém, onde é fabricado o verdadeiro pastel de Belém, um doce feito com massa folhada e creme. A fila na porta é constante e não havia estacionamento por perto. Pulamos também. Comi em outros lugares da cidade, mas com o nome genérico de pastel de natas. 
Pastel de Belém
Outro programa bacana em Lisboa que infelizmente também não tivemos disposição para ir, são as casas de fado no Bairro Alto. O fado é um importante estilo musical típico português, mundialmente difundido por Amália Rodrigues (1920-1999), a Rainha do Fado.

Saindo de Lisboa em direção ao Porto, passamos por Fátima, para um visita ao Santuário.
Fátima
Fátima
No Porto nosso hotel foi o Best Western Hotel Inca, reservado via Bancorbrás. Simples, limpo e bem localizado. A cidade é encantadora. Sabem aquela rixa que há entre RJ e SP, Natal e Mossoró? Lá a rixa é entre Lisboa e Porto.

Lá também há o serviço hop on hop off, o qual utilizamos para dar uma geral na cidade, maior do que imaginávamos.

Restaurante que vocês não podem deixar de ir e devem fazer reserva: D. Tonho. Há dois: um mais antigo no Cais da Ribeira, centro histórico do Porto, e um mais moderno em Gaia, do outro lado do rio. Fomos ao primeiro e foi um jantar maravilhoso, com bacalhau, polvo, lulas e vinho.

Outra opção pode ser o Café Guarany, na principal avenida do centro de Porto, a dos Aliados.
Em Gaia há várias caves do famoso vinho do Porto e é possível fazer visitar guiadas e degustações. E trazer algumas garrafas na mala...

De lá seguimos para Évora, chamada de cidade museu, cujo centro histórico é intramuros e é Patrimônio Mundial pela UNESCO. Não registrei o nome do hotel, mas era fora dos muros, próximo a um dos portões. Cidade adorável para se andar a pé e descobrir que em cada beco pode haver um restaurante, um café, uma galeria de arte ou uma lojinha descolada. 
Jantamos no restaurante típico O Antão. Comi coelho a alentejana e encharcada (mais um daqueles doces à base de gemas de ovos) para a sobremesa. E o vinho da casa, como sempre. Ambiente simples e com ótimo atendimento, no centro histórico, mas com indicação no Guia Michelin.
Na volta a Lisboa, uma passadinha de uma tarde no outlet Freeport, em Alcochete, já perto da capital. Para alcançar nosso destino final, passamos pela belíssima Ponte Vasco da Gama, com seus 17 km de comprimento.

Gostaram das dicas? Espero que alguma seja útil para vocês.

AB

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