Tive, então, a ideia de listar mais alguns pratos inesquecíveis para mim, por terem sido maravilhosos ou desastrosos. Isso mesmo, lembrar dos desastres pode ser hilário ou oportunidade de revisitar um trauma (e rir dele agora que já passou!).
Em alguns casos o prato é inesquecível não por ele mesmo, mas pela experiência, pela companhia, pelo ambiente, pela aventura para chegar até ele.
Quiabo |
Vou começar com um trauma de infância que já superei, mas ainda não como de jeito nenhum: quiabo. Quando eu tinha entre sete e nove anos, ficava sentada à mesa desde a hora do almoço até a hora em que minha mãe saía de casa para trabalhar. A política dela era: se não provar não pode dizer que não gosta. Faz sentido. Mas eu já tinha provado e detestava aquela baba que acompanha o quiabo. Resultado: uma criança com um prato de arroz, feijão, carne e quiabo na frente, gelado já, esperando a mãe sair para jogar aquilo no lixo e ser alimentada pela Babá com um salvador arroz com ovo. Hoje eu rio disso!
La Duchesse Anne, Fougères, França |
Castelo de Fougères, 1998 |
Mais França (já disse que sou fã). A primeira vez que comi moules aux frites, ou mexilhões com batatas fritas, iguaria típica da Normandia. Foi no Au Gars Normand, na cidade de Honfleur, que fica na foz do rio Sena. Para acompanhar, a bebida também típica que não me agradou: cidra.
Moules aux frites |
Au Gars Normand, Honfleur |
Além disso, é super fácil de fazer em casa e já fiz várias vezes, mas sem as batatas fritas.
Comi um divino roasted lamb (carneiro assado) num restaurante em frente ao Covent Garden, em Londres, mas não registrei o nome (falha nossa!).
Também na capital inglesa, mas na Harrods: no subsolo da badalada loja de departamentos existe uma área de alimentação. Almocei um excelente carneiro grelhado no balcão. O significado especial fica por conta da mágica que aquele ambiente de luxo exerce sobre os mortais.
Sabor de infância: Taberna Alpina, em Teresópolis, RJ. Todo fim de semana a família jantava lá a caminho do sítio. O kassler, costeleta de porco defumada, é para comer de joelhos. O nhoque é divino. Tudo lá é bom. Voltei várias vezes depois de adulta.
A primeira vez que experimentei codfish, ou o peixe utilizado para fazer bacalhau, mas no estado primitivo, fresco, foi em Bruges, na Bélgica. Tão gostoso e leve que comi duas noites seguidas.
Conhece o spätzle? É uma massa bem parecida com o nhoque, mas em tamanho menor e mais leve. Na verdade pedi o kassler (costeleta de porco) e o acompanhamento era o spätzle. Que bônus! Foi num pequeno restaurante familiar em Freudenstadt, na Alemanha, em plena Floresta Negra.
Spätzle |
Tiramisù |
Outra lembrança negativa: um calzone recheado de pimentões de todas as cores! Em muitas cidades na Europa, principalmente as menores, há horários bem delimitados para o funcionamento dos restaurantes. Chegamos no meio da tarde a Delft, na Holanda. E famintos. O único lugar aberto era uma pizzaria na praça central da minúscula cidade conhecida pela produção de louça branca com desenhos azuis. Como não havia cardápio em inglês, pedimos no escuro e eramos feio. Resultado: passamos a noite tomando Coca-Cola para ajudar a corroer os indigestos pimentões.
Agora as delícias da família. Minha irmã faz um delicioso ensopado de lulas. Meu irmão é mestre no risoto com gorgonzola e pera. Na casa da minha tia não pode faltar o brigadeirão quando vou lá. Já na casa da sogra, fica difícil eleger um prato só. Então vou citar a sobremesa preferida: pudim flutuante, ou pudim de claras sobre um creme feito com açúcar queimado. Pena que não tenho foto, pois, além de gostoso, é lindo.
Estão vendo porque tenho que pedalar e correr muito, malhar bastante e tomar muita água? Sou fã das boas comidas e marco muitos lugares pelos seus sabores. Listei apenas os primeiros que me vieram à lembrança, mas há muitos mais. Portugal, por exemplo, merece um post só para lá, com tantas lembranças gostosas. Aguardem para breve.
Bom sábado e excelente fim de semana a todos!
AB
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